O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Inferno

















Ouvi dizer que o inferno
É um lugar quente para se crestar
Depois de na terra a vida esfaquear

Lúcifer saca as presenças
E deposita sem cerimônia
No topo do fogo que incendeia
Superando o desejo de voltar
Que ficará somente na lembrança

Inferno, cor forte, vermelho sangue
Onde o fogo arde
E acolhe a população
Que insistiu em acreditar
Que esse lugar existe
Para alguns muito mortificar

Não se iluda
Dizem que sempre há
Espaço para acolher
Mais um alguém para se queimar

Inferno por alguns apregoado
De mistério, presente e passado
Convocando com alegria os ordinários
Que fizeram de suas vidas
Uma grande e mísera folia
Dizem que é grande
Lá se encontra
Os desafios dos que fizeram mal
Para arderem ausentes de chuva ou de vendaval

Inferno, lá vou eu!


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