O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ato e retrato de pessoa ingênua ainda não descoberta























Moça fita-me e responda serenamente
O que desejo há tempos lhe indagar
Pergunto a ti pequena Pequena:
- O que fazes com tantas letras?

Moça fita-me agora
Assim de soslaio
Dessa forma e novamente para mim:
- Responderás com um pouco de sim?

Volto a indagar-te
Outra vez – como és suave – suavemente:
- O que fazes com tantas palavras?
Sei que não finges
Sei que não sabes
Mentiras levantar.

- Mulher, calada permaneces
Nada de nada respondes
Procuras resposta
- Bem sei -
Não as tem
Não as suporta
Não as tolera.
E, claramente,
Sob essas preciosidades
Esconde-te.

Pensas que vive
- A vida da verdade?
Como de fato se deve
Como de fato se imagina
Como de fato se pensa
Como de fato a vida vem
Como de fato ela se aproxima?

- Quem sabe deverias tu - penso eu –
Portar-te assim mesmo?
Sim
Como já faz
- Calada! Calada! Calada!

- Voltando às tuas letras
Voltando às tuas palavras
Sei que tu sabes sim
E guardas a resposta
Que quero também para mim.

Então, tentes, diga que não
Teu eu afirma categórico
Ao pé do teu ouvido:
- Tens sim, tens não
Tens sim, tens não
- Pena –
Tem para ti e
Nada para mim.

- Mulher tu remetes
Às flores que somente
Nas noites revelam-se a todos.
Flores essas tiradas de ti
Flores e perfume
És tu puro jasmim!

Pergunto-lhe outra vez
- Por favor, veja se dessa vez
Consegues tu réplica para mim:
- Imaginas tu que tal permissão
De direito e de fala
A ti autorizam
De fato esperar
Outono na primavera?
Ri bela donzela
Ri de tuas mazelas
Pensas eu sei assim:”- Quem dera”.

Continuando meu pedido
Imploro a ti
Enfim se retratar
Diante de mim
Respondendo algo
Talvez, quem sabe, sim.

“Como
E quem sou? - Intranqüila dona donzela!” -
- Santa de tão bela”

-Imaginas tu que elas
Destacam tua pessoa?
Resposta eu tenho para ti:
Não. Não chores assim! - molhastes o vestido -
Segura tuas lágrimas para mim.

Agora fito-a PELA ÚLTIMA VEZ!!!
E pergunto: - Ah, como gosto de te inquirir -
-Vês ali aquela
Perto da cadeira
Ali aquela porta?
- Corra, avance
Alcance-a
Tu podes, tu consegues
Saia rápido
Não, não segures de novo teu vestido
Permita que o vento o levante
E deixe à mostra
Tuas contornadas pernas.

- Menina de tu agora, por fim, cansei-me!
Digo isso de vez!
- Nada na verdade tens para mim.
Nem um não
Nem um sim.
Assim,
Determino eu a mim - alto e conciso –
- Vou.
Vou-me daqui
Vou
Vou-me embora
Nesse momento
Para sempre
Vou agora.

sábado, 4 de setembro de 2010

Gabriel by Beto Guedes

















É só de ninar e desejar que a luz do nosso amor
Matéria prima dessa canção fique a brilhar
E é pra você e pra todo mundo que quer trazer assim a paz no coração
Meu pequeno amor
E de você me lembrar
Toda vez que a vida mandar olhar pro céu
Estrela da manhã
Meu pequeno grande amor que é você Gabriel
Pra poder ser livre como a gente quis.


P.s.: Foi com essa canção que embalei por noites e noites o meu querido filho - primogênito - João Gabriel.

Filho te amo pra caramba. És especial em minha vida. Aparecestes no meu caminho para me dar um pouco de luz. Obrigada. "Mãezinha"

O Mundo é Um Moinho by Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Suposição






Tenha confiança rapaz
Um dia quem sabe
Nas mãos você terá
A resposta que tanto espera
E, assim, encontrará
Aquilo que diariamente
Estás na busca infinda de encontrar:
- Um pouquinho de paz.

Destilado














Esfregou a cara no chão
Quando reconheceu no meio da multidão
A falta de destreza
Aliada à algumas confusões
E, também, a medíocres opiniões.

Sinto muito lhe informar, meu caro senhor
Que a partir de agora
Tu para sempre viverás
Com a cara encaracolada
Pela opinião do único e, dito, existente
Chamado, soberbamente, de poderoso amor.

Mesquinho, como já se mostrou,
Jamais dividirá,
Seja com qualquer vulgar,
Mesmo que temerosamente dele se aproximar.

Isso sem falar
Que quando estabeleceu sua atitude
A ninguém recorreu uma posição
E para os lados ele sequer
Dirigiu um único olhar
Quando se pronunciou
De forma pecaminosa, já é dele,
A todos os humildes
Todos mesmo e mais os doentes
Conquistaram ao longo dos anos
Tendo a a eles como aliados
Somente o tempo perturbado.

É, meu caro senhor
Para ninguém, sinto muito lhe dizer,
Nadinha de nada restou.

Sinto ainda ter, meu caro senhor,
Algo mais para dizer:
De agora em diante
Tu passarás somente a ser
Mais uma forma de viés
No reino onde a bebida
Mergulha cara e talante
Para os que foram apadrinhados
Pelos de gravatas e avantajados
Saboreiarem empiricamente
Seus apetitosos coquetéis.


Era somente isso, meu caro senhor
O motivo que a ti, a essa hora,
Tempestuosamente e sem pestanejar
Impulsionou-me, mesmo ciente,
Que nulamente algo eu tinha a lhe informar.

Agora só cabe a mim
Pedir sua interferência
Quem sabe com o coração sangrando
Por reconhecer essa miséria toda
Tu possas alguma coisa,
Seja lá de qual forma,
Tentar realizar
Para algumas vidas
Tu conseguires salvar.