O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Trouxa



















Nasce em algum lugar
Ninguém sabe dizer onde fica ou onde é
O que pensar de onde localizado está?
A doce palavra que responde pelo nome de ilusão
Acalentando e sustentando pobre a pobre
Um a um coração.

Seu ofício é propício em aguçar
Seu ofício é propício em fazer imaginar
Dia após dia
Noite varando noite
Cada passo que se dará
À margem, à frente
A beira estreita da tua casa
Ou o alojamento habitado
Pelo teu sôfrego e ambicionado
Ambiente do tempo e da mente.

Cá entre nós – ligo não -
Digo de cara limpa, por isso digo,
Soarei dura - estou nem aí pra você –
Que teima em saborear
O gosto dessa quimera
Que dia a dia, também,
Crua ela se apodera
De ti e de mim
Sem sequer pestanejar
O que dizer quando seu desejo
É só fabricar formas e meios de incitar
Algo que sabemos – lá na frente –
Nunca, nem pense ou tente,
Você virá a degustar.

Trouxa.

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