O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Declaração de Amor
















Pedro Henrique tenho algo a lhe dizer
Mesmo me sentindo meio tola
Mesmo me intimidando, erroneamente, frente a ti
Sei lá porque ocorre assim
Talvez por você ter esse jeito astuto de ser.

Talvez por seres tão belo
Talvez por seres pela beleza todo composto
Carregando contigo esse formato
Tão inteligente e tão persuasivo
Agora penso que talvez fora isso
Responsável por eu ir me calando
Nesses anos que foram passando
Besteira minha, bem sei,
Besteira minha filho, timidez.

Mas agora meu querido rapaz
Não posso mais
Não dá mais
Para calar e guardar comigo
Tudo que tenho a revelar:

Diante de mim paira uma luz
Iluminando diariamente meu caminhar
Confesso com imensa paixão
Que tu és o responsável
Pelos passos que dou pelas ruas
E, eu, na minha ilusão
Vejo que tu seguras minha mão.

Sei que pode soar um peso pra ti
Mas foi contigo que aprendi
A forma verdadeira
De como, em absoluto, humana ser.

Tenho mais a confessar
Desculpa, agora não posso parar:
Sabias que quando tu eras pequenino
E me fitava com teu belo olhar escuro
Sorrindo deixando à mostra
Os dentinhos perfeitos
E as covinhas na face
Direita e esquerda
Eu as chamava de ‘buraquinho’
Ainda hoje carrega o mesmo sorriso
Ainda hoje carregas na face
Dos dois lados teus lindos buraquinhos.

Desculpa eu te falar isso
Mas eu quando era mãe novinha
Perante tanta coisa na vida que me prostrava
E sem saber direito o que fazer
Menos ainda o lado certo a escolher
Era embaixo do teu olhar
Que eu escolhia – tu me fornecias –
O descompromisso de acertar.

E eu ia lá
Fazia tudo direitinho
Acertava no caminho
Rumava direito
Caminhava pelo lado da rua
Tudo certinho
Conseguia me sentir
Uma mulher capaz
Conseguia me sentir
Uma mulher corajosa
Eu me sentia da paz.

Já na rua buscando nosso sustento
Enfrentava feras
Enfrentava feridos
Enfrentava tormentos
Ligava não porque sabia
Que de noite para mim tu sorririas.

Foste tu rapaz o responsável
Pelo crescimento dessa que a ti se declara
Mesmo receando aos teus olhos e pensamentos
Parecer piegas
Boba, diminuta
Mas sei que não
Teu coração é generoso
E carregas no teu peito compaixão.

Contigo conheci a tranqüilidade
Ao te amamentar diante da TV
Contigo aprendi a rir e sorrir
Tu sempre tinhas algo novo a dizer
Um humor apurado a declarar
Um humor apurado a comigo
E comigo e com o maninho dividir
Pra gente por pouco
Não morrer de rir.

Saibas menino que hoje
Mesmo me sentindo ainda meio envergonhada
De falar do amor que tenho por ti
É, esse amor que carrego em mim
Mesmo sendo menina crescida
Hoje encontrei coragem
Decidi botar pra fora
Nada me segurou
Claro, chegou a minha hora.

Digo-lhe rapaz
Você contribuiu para eu ser
Mais humana
Mais sensível
E fiel ao mundo real.

Dele não fujo mais
Obrigada rapaz
E nas minhas andanças
Na mais abstrata solidão
Além de carregar teu riso no peito
Carrego você por completo no coração.

Menino crescido obrigada mais uma vez
A ti ei de ser eternamente grata
Por tudo que aprendi
Por tudo que fui
Por tudo que serei.

Sei que ainda terei
Pelo caminho algo novo a aprender contigo
Será sempre assim
Só te peço que me dê
A chance de sempre dizer
O quão sou louca por ti.

Quero poder expor
A qualquer dia
A qualquer hora
Esse sentimento imenso
Meio insano, meio descompassado
Mas sincero, mesmo desregrado.


Afirmo agora para finalizar
Que esse amor rodeia o meu ar
E contribui todo dia
Para desse ar eu, mais sabiamente, aproveitar.

Desejo com propriedade
De mãe a mim concedida
Que teu caminho brilhe na luz
Que tua luz brilhe na paz
E que sejas sempre bom
Meu querido e sublime rapaz.

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