Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Sem sentido
Não tem mais a quem socorro impelir
Vaga mais uma noite só pelas ruas sombrias
Também chora um passado renunciado distante
Comprazes-se das amarguras vividas em tantos instantes.
Caminha pelas calçadas tumultuadas
Roga, na mente, quem sabe, talvez, um pouco de alegria
Porém, conhece-se bem
Sabe que não será abençoado por qualquer ventura.
Moço quieto esse moço
Moço quedo esse moço
Apaziguado esse moço
Moço esse pela vida inteirinha maltratado
Por isso situou seu tudo de lado.
Havia a fé que saboreava
Havia a reza que rezava
Havia a igreja que freqüentava
Havia nele algo em que acreditava.
Esqueceu, resolveu eternizar
Sua alma nas ondas agitadas do mar
Sabe bem, é bem sorvido de intuição
Quando seu fim estiver próximo
Irá para o mar
Por lá ficará
Até não mais respirar.
Há tempos abençoou essa constatação
Há tempos não deseja mais nada
Há tempos não sonha
Se o sonho o procura o procura em vão.
Tem ciência que de daqui para frente
Diariamente seu coração
Será ferido um pouco mais
Espera apenas ir nos braços da paz.
Quem sabe moço?
Quem sabe?
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