Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Sobras
Tens aqui as sobras do aglomerado e vinculado
Tens aqui as sobras do glorificado e brioso e enfatizado
Tens aqui a porção do que permaneceu abotoado em tua goela
Recheando meus casebres e recheando teus casarões
Vasculhando grandes moscas e vasculhando pequenas mansões
Abarrotando latas
Abarrotando latões
Vomitando na cegueira dos que já não vêm quase nada – dói dizer -
Vês aqui o que deixou calado
A ferro e fogo reprimidos
Fechados pela tua existência
Escorraçados e banidos
Parvos e acabrunhados
Tão insignificante, a pó, agora amortizado.
És:
Fogueira na água;
Sombra na pedra e
Sabonete no corpo denso
E, se queres, saber
Tens também
Um pedaço do chão de alguém.
Essa que te fala
Engradada quase calada
Petrificada por pouco não amarrada
Pouco amada meio assombrada
Desaventurada na vida não foi largada
Em pratos desnuda e abençoada.
Eu mesma
Lambendo teus pés
Lavando tuas feridas
Secando tua face e
Buscando teus lábios, ainda.
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