Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Perdão para o pai
Não penso mais num ser humano errando
Por intento ou desejo
Ninguém ingressa a errar por aspiração
Seria falta de ciência ou capricho vão.
Faz-se tudo no intuito de acertar
Todavia, o desacerto chega
Sem aviso prévio
Ninguém a comunicar só desarranjar
Dói ter ciência da ausência do nome do teu pai
Na tua certidão de nascimento
O quão difícil deve ter sido
E ainda persiste encoberto o enigma.
Por isso não te desgosto mais
As mágoas se quebraram
De tempos pra cá, posso te asseverar
Com lisura e integridade no coração
Que as angústias espancaram
Nos muros e paredes da minha solidão
Compreendi,
Tomei aviso,
Senti:
Foi o que podias
Foi o que sabias
Foi o vivenciado por ti
Foi o atingido com o pai dos outros
É sabido:
Altercarmo-nos por alguns trocados
O tempo foi incumbido tornando tudo miúdo
Porque não dizer sagaz
Ao mirarmos nossos valiosos filhos de paz.
Releva o padecimento
Perdoa a humilhação
Se puder, esqueça as ofensas
E anistia o quebranto causado.
Do mesmo modo compete a mim:
Fui o sugestionado o recomendado
Porque não dizer o mais cômodo ou indicado
Menos sofisticado o mais iludido lado
Tão arredia em meu casco quebrado
Sem reza nem bênção
Sem graça ou consternação
Fui só mais um alguém
Nós - dois seres miúdos -
Eu e você também.
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