Senti aversão ao perceber minha razão
Perturbando, fria e seca,meu coração.
Lembrei-me da história da mulher do pintor
Aquele pintor da arte e do amor,
Ela, um dia sentada na janela, às costas paro o céu,
Mirou-me indagando:
- “Você sabe o que é o amor?
O verdadeiro amor?
Você já amou tanto que se condenaria
À eternidade no inferno?
Perdoa, já vou...".
Não tive réplica
Quase não atingi a pergunta
Amar pra mim, até então, era unicamente amar
Nunca embalara amor às provas mistas da dor.
Conto-te agora:
Não sabia amar até encontrá-lo
Nunca sentira qualquer pesar
Nem lamentara nada, face seca e calada.
Nesse momento chora a alma dos amargurados
Arde o coração dos vivos angustiados
Sabedores da dor da razão
E conhecedores por viverem uma grande paixão.
Quanto a mim, perdi minhas referências
Afastei-me do meio-fio e da ilusão
Inundou-se também minha percepção
Antes, o Amor denominado como certo
Fui obrigada a abortar e
Reconhecer seus manifestos.
Recordo, amei-te mais ainda
Ao ouvir: - Espera, confia, imploro,
Repara, nosso tempo não se perdeu.
Desejo ansioso um filho teu.
Apoquentada, perguntei a meu modo, insegura e rígida:
- Quanto tempo ei de esperar
Acolheremos e impeliremos
Todos os desgostos judiciosos por vir?
A resposta não me apaziguou, fingi.
Bem sei que mentiras, no passado, 'por amor'
Abominei-te severamente impiedosa e cruel
- Inconveniente, covarde e prosaico
Tu, rendido a um preço tão baixo.
Algumas situações a sorte não adota
Menos ainda permite ou consente
Felicidade só conhece amor vindo da pura alma
Somente assim, ao saber, distingui.
Volto a minha questão peculiar
O que fazer do presente
Nossa história, por pouco, não se foi
Largo-me nesse momento, entrego-me a ti
Quase depois da minha hora.
Seguidamente falo-te tensa
Perdoa, bens sabes que não me contenho,
- Amado, receio ir além,
Postar-me, perder-me, aquém.
Essa maldita e perversa insensatez
Talvez me leve à procura – não! Outra vez -
D’um outro alguém. Ninguém?
Temo não suportar o tempo necessitado
Alarmo não ter meus próprios aparatos
Sou pobre, mistura do aqui e agora ,
Mas reponho-me circunda:
- Deixa-me ir embora?
Leva contigo a ciência de ter golpeado bem
Conquistastes teu desejoso bem
Obteve êxito, fez-se o meu homem precioso .
Minha alma arde, alardeia e entoa
Roga calma, paciência a minha pessoa
Meu corpo contrai-se, é puro fogo
Enquanto meus seios nus aspiram tua boca
Vem e apossa-te desse teu ser asilado.
Outra história vou te contar:
Não rias, envergonhar-me-ia
O beijo dito 'roubado'
A ti foi astuciosamente doado!
Não, não amolgarei ou golpearei
Nosso retraído retiro
Nossa luz não escurecerá
Abandonando nosso canto,
Tomando outra direção, tolice, em vão.
Acatada agora minha tola e ingênua alma
Despreza meu acanhado e minúsculo momento
Ausentar-me solidificar-me-ia uma farsa - longe de ti –
Inadequadamente engenhosa.
Quanto à despedida faremos depois
Revogaremos, um ou outro, o destino apontará
É sabido: Jamais estaremos os dois.
Reconhecido o tempo perdido
Cruzadas as horas perfiladas
Forço a razão a acudir-me, de novo,
Nega-se impiedosa
Tomará novo rumo pelas auroras.
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