Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
"Apagamento II" - Para a amiga Tany por gill benício
Como carentes indigentes e enamorados
Buscando desesperados somente sobreviver
Por palavras digeridas mastigadas e corroídas
Ler? Não ler nada - sumir
Escrever? Menos ainda - apagar
Cada uma com sua alma salgada
Condenadas ao sol que não despontará
Desatar as cortinas descortinar
Doar sangue - doar vento - ventar
Na ânsia de simplesmente reter os sentidos
Existir, para quê?
Sumir não divagar
Não abrandar menos afastar
Não iludir-se - desesperançar
Dobrar o relógio - despertar
Maldito encanto nosso - doce retiro
Rarefeito puro espanto
Onde me abrigo noite adentro dia afora
Sem pensar na maldita hora
Apavoras-te?
Eu também
Sozinha, cá sem ninguém
Reduzida a nada
Um pouco mais, menos encantada
Saboreio o sal do teu ar
Sou a voz do mundo a te enfrentar
Açoite sólido açoite lírico
Ecoando divinamente devagar
Pairando de qualquer forma
Pairando em qualquer lugar
gill benício
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