O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Véu negro


















Começo com a verdade
Quem quiser que acredite
Mostro aqui para todos
Os que fingem saciar
A fome dos que estão
Na verdade a matar.

Na avenida da perdição
Os fracos vão atrás de comida
Sabem que pouco encontrarão
E que por pouco tempo
A fome fartarão.

Simples constatação
Vidas e vidas de perdição
Retratando a fraude de norte a sul
Fazem-se presente e fantasiam
Que alimentarão
Aqueles que estão
Encarcerados na prisão.

E continuam a provocar
Enorme maestrias
Na rotina diária da grande massa
Na vida de todos os pobres que passam.

Desejo que morram todos sufocados
Desejo que morram esses desavergonhados
Feitos de podridão
Enganosos avessados
Pela grande maioria
Que aqui estão
Humildemente retratados.

Que morram esses abastados
Que humilham a população
Que morram esses desorientados
Que ostentam na injustiça
Um abastado coração.

Que morra essa grande devassidão.

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