O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

sábado, 24 de outubro de 2009

Nós nos amamos


















Nós nos amamos
Sem saber bem por que
Ele tem um jeito falante
E eu uma forma calada de acontecer.

Mesmo assim nós nos amamos
O elo do nosso amor atingiu o ar
O sabor do bem querer faz-nos amar e mais amar
Nosso amor tem seu jeito próprio de ir além
Transpirar.

Quem repara demonstra estranheza
Descocados não entendem
São pequenos
Escabrosos
Erguidos estão
No topo da intensa pobreza.

Nós nos amamos
Sem saber bem por que
Mas, o nosso amor
Faz o amar,
Aquecidamente, se estabelecer.

Nós nos amamos
Por fim, começamos a entender
Um reconhece no outro
Sua face
Seu decoro
Seu ser.

Nós nos amamos.

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