Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Quem é esse rapaz? Eu não reconheço mais...
Olha só o passo, em balance, tão parecido com o meu...
Olha só os cabelos castanhos misturados com fios dourados, tão parecidos com os meus, algumas ondas e alguns fios tão alinhados...
Repare os olhos vibrantes, tom escuro, um pouco de olheira, girando rapidamente, frenéticos, também tão parecidos com os meus...
Belo o rapaz, muito belo...
O caminhar se iguala, incrível, também ao meu, os passos remetem o corpo como se flutuasse no ar sem pressa de chegar a algum lugar...
Quem é esse rapaz? Eu não reconheço mais...
Observe as mãos, observe os dedos alongados e as unhas em formato quadrado, assim como os meus, assim como as minhas...
Quem é esse rapaz? Eu não reconheço mais...
As moças que passam por ele não desviam o olhar, põem-se a fitar a beleza do rapaz...
Bonito, alto, bem vestido, fashion, um corpo delineado mostrando o peso proporcional à altura...
Quem é esse rapaz? Eu não reconheço mais...
Ouvi, há pouco, alguém chamá-lo, alguém dali daquela casa frente ao mercadinho, gritou seu nome, belo nome, chamou-o de Pedro Henrique, quem será que lhe deu esse nome tão forte e tão puro?
Quem é esse rapaz? Eu não reconheço mais...
Quem é esse rapaz?
Quem poderia me dizer, talvez me fazer entender, talvez me fazer ele conhecer, mas afinal, quem é esse rapaz? Eu não reconheço mais.
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