O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Suor


Que saia de mim


De dentro pra fora

Que saia de mim

Que seja agora

Que saia de mim

Que não fique mais hora

Que saia de mim

Que vá rua afora

Que saia de mim

Que vá logo embora.


Pois, aqui dentro, em mim,

Dói a dor do 'doroso'

Pois, aqui dentro, em mim,

Dói a dor do que chora

Pois, aqui dentro, em mim,

Dói a dor do que foi outrora.


Que saia de mim

Que vá logo embora

Que saia de mim

Pois, aqui dentro, em mim,

Maltratou tudo também lá fora

Nada restou, nada ficou.

E nada mais resta agora

Nem por hora

Nem para mim, a que chora.


Que saia de mim

E caminhe firme assim

Passadas pisadas

Chão solo marcado

Na mente nada a lembrar

Nada a dormir nem calar

Na mente que vá, evapore.

Evaporado seja e será

Que saia de mim

Que vá logo embora

Que saia de mim

Que não volte outra hora

Que saia de mim

Não mapeie estrada

Que saia de mim

Não mapeie caminho

Que saia de mim

Não mapeie - inexistente - alvorada.

Que vá logo - vá agora -

Vá buscar tua outra tua - somente - senhora

Que está na cidade vizinha

Na cidade vizinha está ela sozinha

Quanto a mim

Fico bem, fico aqui

Fico só comigo

Fico comigo a sorrir

Alto esse feito

Alto essa história

Que acaba, finda

Finda acaba, agora - tarde -  

Já, nessa hora

Tão fina

O ponto se põe

É passado

Virou, foi embora

É passado

Virou nada, agora.

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