O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

sábado, 26 de março de 2011

Gill e sua eufórica ansiedade, associada à angústia, melancolia e um puta 'medão' abstrato:

Início do B.O.: 10:27 PM  - Término do B.O.: 00:20 AM

Gill até que enfim sai da frente do notebook, depois de ter ficado horas com a cara enfiada na telinha, e decide, claro que teve que tomar coragem antes de fazer a merda, ligar para seu filho mais velho João Gabriel - A primeira vítima - e soltar o medão que começou a gelar sua barriga: 

- Oi Filho....

- Oi mãe...

- Desculpa ligar essa hora pra te encher o saco...

- Imagina mãe, cê pode ligar a hora que quiser, cê nunca enche o saco... (Docinho).

Estamos falando de um fato que se passou agora há pouco, sexta-feira, lua cheia e o guri que depois do trampo foi pra uma festa na PUC/SP, com todo o direito que lhe é reservado, adquirido, permitido, e mais todos os 'idos' imagináveis.

- Então, filho, já vi mais de 36 milhões de sites e não achei nada. Claro que já bateu o medo, né?

- Calma mãe... (Docinho).

Um puta barulhão de fundo, o qual faz Gill, já meio surda do ouvido direito - verdade - 70 % da audição comprometida - quase não ouve nada de nada, mas, atordoada de medo soca o celular quase dentro da orelha... algo tem que ouvir pra barriga esquentar. - Mãe, olhei vários e encontrei alguns....

- Ah, filho, que bom... Ué será que tô ohando na porra errada?

- Mãe, fica tranquila. Amanhã te passo um email com todos os links... (Docinho).

- Passa mesmo filho? Senão cê sabe como a mãe é né? Maldição. A angústia e a bosta da ansiedade já estão me atacando... 

Coitado do guri - jovem, belo, saudável - ter que ouvir uma merda dessas numa sextona, numa festona, ao lado d'uma gatona, Luli, sua namorada.

- Passo sim, mãe... (Docinho).

- Então tá bom filho, vou dar uma pausa nisso e mexer nas minhas outras coisas.

- Mãe, te amo... (Docinho).

- Eu também. Um beijo e cuidado, heim? - Essa mãe por mais que tente não consegue deixar essa frase de lado.

- Tá bom mãe.

- Tchau.

- Tchau.

P.s.:1 "João Gabriel, desculpa aí tá, mas se eu não ligar pra você vou ligar pra quem? Nem zé mané tem". 

Essa foi a única merda que veio à cabeça de Gill depois que desligou o celular.

P.s.:2 Também ligou para Pedro Henrique que foi direto e reto: 

-  Mãe procura no Zukermann. Tô dirigindo. Beijo. Tchau.

E pronto. Desligou o telefone na cara da afoita. Esse guri é o caçula, entretanto, mais descolado, conhece bem como a mãe funciona. Toda vez que ela vira pra ele e diz que tá com um buraco na barriga ele lança: - É fome. Vamos pedir uma pizza!. E acabou. Já o pobre coitado do primogênito acredita que tem que carregar a senhora Gill nas costas enquanto ele é que deveria ser carregado, também nas costas, pela senhora Gill -  Cria vergonha mulher! 

Ah, deixa eu contar uma coisa pra vocês: Há alguns anos Pedro Henrique analisava a conta de telefone, sério, e de repente brada: - 19 reais numa ligação pra celular, número tal, de quem é? Gill, baixinho: - Minha. Ele: - Pra quem? Gill: - Pra Mirtis. Ele: - Porque? Gill: - Tava angustida, precisava falar. Ele: - Ué, nesse horário eu tava aqui, porque não falou comigo? Gill: - Emudeceu. Ficou quietinha. (Mirtis foi terapeuta de Gill por catorze anos...).

Outro P.s.: Número 3: Gill também tentou falar com o ex-marido, William. Esse não atendeu o celular. Também sabe bem a ex-mulher que tem. Essa ex, então, resolveu deixar uma mensagem. O recado ficou todo embasbacado, misturou imóvel com literatura, falou de Julio Cortazar e Emile Zola, perguntou do Gui (irmão dos filhos de Gill). Enfim, por todo o tempo em que as operadoras de telefonia disponibilizam para as pessoas se manifestarem quando não são atendidas - as operadoras sabem que todo mundo é angustiado, até que o tempo é razoável - Gill falou e falou. Deixou beijo pro ex. Deixou beijo pro Gui e berrou, sim, berrou: - Vê se atende essa porra desse celular e desligou. Não satisfeita ligou de novo: Caixa Postal. Miséria. A mulher, então, se mancou e deixou pra lá. Outra mensagem? Nem fudendo. - William filho da puta - pensou - Queria tanto conversar um pouquinho...

Ah, outro P.s.: Número 4: Gill também ligou para o pobre coitado de seu pai, Jarbas Tricola (São Paulino). Aqui a mulher foi mais comedida. Talvez, intentando evitar aborrecer aquele que lhe aguenta há quarenta e oito anos, vinte e seis dias, vinte e três horas e nove minutos: 

- Oi Pai, liguei só pra saber se você tá bem e pra dizer que te amo. Ah, também enviei um torpedo - A infeliz mandou o torpedo porque o pai não atendeu de primeira e ela em sua ansiedade já tascou um torpedo, claro - Manda um beijo pra mãe. Ah, vou colocar umas coisas no teu blog. - Assim mesmo: Só ela fala. Se liga e abre uma brecha pro pai abrir a boca - :

- Tá bom filha.

- Tchau.

- Tchau. O pai também te ama.

Dá pra acreditar gente? Difícil...

Boa noite, pessoal. Fiquem ao som, "again", de R. E. M. 

Night swimming (Mergulho noturno).

http://www.youtube.com/watch?v=Qx9br5ISRpo&feature=fvwrel

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