O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Aniversário do meu filho Pedro Henrique, vinte anos.

























Hoje você faz vinte anos, Pedro
E eu não vou te dar um abraço, Pedro
Hoje você faz vinte anos, Pedro
E eu não vou te dar um abraço, Pedro.


Como é que eu vou seguir vivendo com isso, Pedro?
Como é que eu vou seguir vivendo com isso, Pedro?
Não tem como, não vai dar, Pedro
Não tem como isso minha alma suportar, Pedro.


Assim, metade de mim hoje morre, Pedro
Assim, metade de mim hoje eu enterro, Pedro
Assim, metade de mim hoje eu mando embora, Pedro
E deixo a outra metade, Pedro 
Essa que ficará e começa a partir de agora, Pedro
Essa que ficará e começa a partir de agora, Pedro
Somente seu choro você ouvirá, Pedro.


Há vinte anos quando eu te pari, Pedro
Chorei porque alegria como aquela desconhecia, Pedro
Você foi por mim tão acarinhado, Pedro
Você foi por mim tão ninado, Pedro
Você foi por mim tão abraçado, Pedro
Você foi por mim tão desejado, Pedro
Você foi por mim tão querido, Pedro
Você foi e continua sendo por mim tão amado, Pedro.


Você mamou tanto no meu peito, Pedro
Durante toda a licença maternidade, Pedro
De você eu não desgrudava, Pedro
Dia após dia éramos ali somente nós dois, Pedro
A atravessarmos as horas tão juntos e tão colados, Pedro.


Ficávamos nós dois lá na casa alugada do seu Francisco, Pedro 
Enquanto eu via filmes e filmes na TV, Pedro
Eu segurava você que sugava meu leite, Pedro 
Com os olhinhos que se fechavam e se abriam, Pedro
Bem rapidinho, sabe? Tu me enganavas, Pedro
Pois, eu nunca sabia direito quando você dormia, Pedro
E deixava, Pedro.


Não me preocupava com as horas, Pedro
Desencanada deixava o tempo seguir, Pedro
Ficava lá sentada naquele sofá tão desgastado, Pedro
Frente à àquela TV tão velha e antiga, Pedro
Mas, nada daquilo me incomodava, Pedro
Eu tinha você no meu colo, Pedro
Passavam-se e passavam-se as horas, Pedro
Passavam-se e passavam-se as horas, Pedro
E você comigo estava, Pedro.


Você no meu colo tão quietinho, Pedro 
Fui e sou tão feliz com você, Pedro 
Tenho tanto orgulho de ser sua mãe, Pedro
Sinto que fui abençoada, Pedro
Meu amor por você somente faz aumentar, Pedro
Não tem dimensão nem forma alguma de medir, Pedro.


Você foi por mim tão acarinhado, Pedro
Você foi por mim tão ninado, Pedro
Você foi por mim tão abraçado, Pedro
Você foi por mim tão desejado, Pedro
Você foi por mim tão querido, Pedro
Você foi e continua sendo por mim tão amado, Pedro.


E hoje você faz vinte anos, Pedro
E eu não vou te dar um abraço, Pedro
Hoje você faz vinte anos, Pedro
E eu não vou te dar um abraço, Pedro.


Como é que eu vou seguir vivendo com isso, Pedro?
Como é que eu vou seguir vivendo com isso, Pedro?
Não tem como, não vai dar, Pedro
Não tem como isso minha alma suportar, Pedro.


Assim, metade de mim hoje morre, Pedro
Assim, metade de mim hoje eu enterro, Pedro
Assim, metade de mim hoje eu mando embora, Pedro
E deixo a outra metade, Pedro 
Essa que ficará e começa a partir de agora, Pedro
Essa que ficará e começa a partir de agora, Pedro
Somente o choro você ouvirá, Pedro.


Parabéns, Pedro.
Pedro, eu te amo muito, Pedro. 


Mom.

Um comentário:

Denise disse...

Parabéns a ele, então! :)

Provavelmente ele está longe, eu não sei porque, mas não perca a esperança nunca! A vida é a arte do reencontro, por mais impossível que seja, por difícil que tenha sido a separação.

Mesmo que demore, o amor sempre junta as peças, porque precisa de seu quebra-cabeças completo! Mesmo que demore...

Reza por ele, mas cuida também de você!

Um abraço.