O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

sábado, 15 de agosto de 2009

O medo



















O medo abriga-me e embala-me
O medo faz-me pequenina e adulta
O medo carcome meu estômago
E também debulha meus pensamentos.

O medo é cruel, é dolorido, dói
Assemelha-se a arrancar as entranhas
O medo vem a qualquer hora, não marca visita
Aparece e se estabelece de alguma forma.

O medo que sinto é o medo de viver
Sinto medo do ar que respiro
Sinto medo da dor que me sufoca
Sinto medo do amor que me protege
Sinto medo do calor que me conforta.

O medo é desumano
O medo se faz a qualquer um
Sem avisos prévios
Simplesmente aparece
E com ele traz as angústias de senti-lo.

O medo dói
O medo dói.

O medo corrompe
O medo não elege quem vai atacar
Aleatoriamente finca pé num ser
E faz dele sua vingança
Sua raiva em poder.

O medo dói.
O medo dói.

Acalanta-me.
Acalanta-me.

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