O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Prisão

















D’uma pequenina lembrança
Surgiu um desencantamento
Outrora já esquecido
Num lugar longe, comprido.

A memória do rapaz
Presa e encarcerada em farpas
Encontra-se acorrentada
Não diz mais nada.

Liberto imaginou-se
Livre
Liberdade, aprisionou-se.

Por não saber
Nem conhecer
Rendeu-se a um canto escuro
Fracassou, sua vida deixou
Despencou, perdeu, faliu.

Nada acontecerá
Agora somente lágrimas a derrubar
Lágrimas que não resolverão
Somente o homem entristecerão.

A liberdade outrora ansiada
Para trás foi deixada
Encontra-se agora acorrentado
Estabeleceram sua sentença
Encontra-se sentenciado.

Não lhe resta nenhuma esperança
Reconhece e acena
Despede-se
E com a corda
Terminará o que começaram
Lentamente e devagar
Sua morte há de conquistar.

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