Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Depressão
Deselegante e pouca educada
Ela incute-se sem permissão
Apressada faz do meu corpo sua repartição
Um meio, um fim, nenhum não.
Alardeia meu corpo fraco e insensato
Por ela há tempos melindrado
Peço:
- Não venhas! Não venhas! Não venhas!
À toa minha pronúncia
Brada o meu corpo deslocado
Por ela dia-a-dia insultado
Em ataques agudos e violentos:
- Aqui hei de ficar! Este é o meu devido lugar!
Com o corpo corroído de dor
Grito baixinho:
- Não. Não e não.
De nada adianta
Ela chega e me espanta
Impiedosa e sedutora – maldita -
Ligeira se infiltra
Queimando minha pele
Esfumaçando minha mente
E rasgando meu coração.
De novo me alcançou
Está presente
Está comigo
Lava suas mãos
Enquanto esfaqueia meu corpo
Com uma canção.
Alguém me pergunta seu nome
Simples questão que está
Profunda a me praguejar
Apresento-a: Depressão.
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