Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
sábado, 29 de agosto de 2009
by Mário Quintana
pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo..."
sábado, 22 de agosto de 2009
Inferior
Partida tardia
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Esquece esse cara menina
Esquece esse cara menina
Aproveita agora e vai embora
No passado ao ansiar ser bem tratada
Encontrou um falso amor
Acreditou nas promessas afiançadas
E tua vida pôs de lado, abandonou.
Esquece esse cara menina
Chegou tua hora, ajeita tuas coisas
E sai por aquela porta, vai-te embora.
Não te permita um último olhar
Sabes que na tua abençoada covardia
Arriscar-se-á de querer ficar.
E quando a solidão te acolher
E pensares por ele chamar
Lembra do friorento passado
Que persegue lado a lado teu mísero estado.
Enquanto aqueces tuas mãos
Joga fora o teu desejo
Arranca com teus dedos
O sonho empenhorado.
Esquece esse cara menina
Aproveita agora e vai embora.
Agarra esse momento
E some, procura por um caminho atento.
Esquece esse cara menina.
Esquece.
Enfado
Faz de conta
Enquanto brinco de faz de conta
Faz de conta que sou feliz
Faz de conta que existo em mim
Faz de conta que sobrevivo pouco a pouco
Faz de conta que meu eu ainda não é louco.
Faz de conta.
Covardes do amor
Abrandam que têm coragem
Por não quererem embrenhar
A certeza de que nasceram
Um para o outro amar.
Fracos e perturbados estão
Em seus mundos solitários
Banham-se na água salgada
Puseram-se do lado direito
Estancaram-se do lado de fora.
Juraram um longe do outro ficar
Afundaram-se de vez
Na arrogância da insensatez.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Companheira
A solidão o acompanha
Tornou-se uma amiga eficaz
Ele pede trégua, pede distância
Mas ela não dá, segue rumo,
Sem lhe ofertar paz.
- Solidão - pergunta ele -
Porque és comigo tão presente?
Porque ateou comigo
Esse elo permanente?
Sem resposta ele caminha triste
Caminha preocupado
Tem medo da sua mente perturbada
Tem medo de se atirar na estrada.
- Solidão - pede ele -
Ouça-me ao menos uma vez
Desvie teu caminho do meu
Desfaça o nó que tu fez.
Já não roga mais,
Agora ele implora um caminho tranquilo
Um caminho apaziguado o homem chama.
Sabe que não virá
Está fadado ao que tem
Sonha com o que não será
Perde-se na ilusão
Perdido está
Perdido ficará.
Defeito
Saibas que assim somente arruína minha forma e expressão.
Existência
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Depressão
Deselegante e pouca educada
Ela incute-se sem permissão
Apressada faz do meu corpo sua repartição
Um meio, um fim, nenhum não.
Alardeia meu corpo fraco e insensato
Por ela há tempos melindrado
Peço:
- Não venhas! Não venhas! Não venhas!
À toa minha pronúncia
Brada o meu corpo deslocado
Por ela dia-a-dia insultado
Em ataques agudos e violentos:
- Aqui hei de ficar! Este é o meu devido lugar!
Com o corpo corroído de dor
Grito baixinho:
- Não. Não e não.
De nada adianta
Ela chega e me espanta
Impiedosa e sedutora – maldita -
Ligeira se infiltra
Queimando minha pele
Esfumaçando minha mente
E rasgando meu coração.
De novo me alcançou
Está presente
Está comigo
Lava suas mãos
Enquanto esfaqueia meu corpo
Com uma canção.
Alguém me pergunta seu nome
Simples questão que está
Profunda a me praguejar
Apresento-a: Depressão.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Rumo
Tua vida e a vida das tuas crias
De onde estás soas forte
De onde estás soa a voz da morte.
Prisão
D’uma pequenina lembrança
Surgiu um desencantamento
Outrora já esquecido
Num lugar longe, comprido.
A memória do rapaz
Presa e encarcerada em farpas
Encontra-se acorrentada
Não diz mais nada.
Liberto imaginou-se
Livre
Liberdade, aprisionou-se.
Por não saber
Nem conhecer
Rendeu-se a um canto escuro
Fracassou, sua vida deixou
Despencou, perdeu, faliu.
Nada acontecerá
Agora somente lágrimas a derrubar
Lágrimas que não resolverão
Somente o homem entristecerão.
A liberdade outrora ansiada
Para trás foi deixada
Encontra-se agora acorrentado
Estabeleceram sua sentença
Encontra-se sentenciado.
Não lhe resta nenhuma esperança
Reconhece e acena
Despede-se
E com a corda
Terminará o que começaram
Lentamente e devagar
Sua morte há de conquistar.
Perdão
Acordes, sermões, vigílias, perdões
Tu mereces um pouco mais dessa insensatez
Tua arrogância ainda mera criança caminha pelo parque embriagada
Tu não vês nada, és tolo, és inapropriado, demasiado vulgar
Tu esperas e crês que na morte encontrarás a presença de deus.
Adivinha o próprio pensamento
Enquanto pensa reclama do seu sofrimento
Agoniza a dor que é voraz
Preconiza a sua verdade, a falta de intensidade.
Tu homem mascarado
Não enxergas que já foi perdoado
Por aqueles que um dia
Sentiram-se tão maltratados.
Meretrício
Ínvios a vigiaram
Expulsaram-na:
- Agora. Já. Fora!
Águas salgadas
Jorraram em sua pele
Ferventes construíram
Bolhas quentes.
Em solo público anunciaram a sua punição
Determinaram a hora e o dia
Em que a meretriz da vez
Seria abolida do povoado burguês.
Ela indiferente penhora o pensamento
Sorri forte com vigor
Finalmente, livrar-se-á
Do cárcere do horror.
Enquanto eles seguem acreditando
Que assim cortarão
Tão secular profissão.
Tolos, nem lâmina voraz
Ajuda ou é capaz
De fazer bradar qualquer perdão.
A mulher segue rumo ao seu final
Na mente a semente construindo
O dia em que desfrutará
Sua fiel fantasia:
Um pouco de faz encontrar.
Amar
sábado, 15 de agosto de 2009
O medo
O medo abriga-me e embala-me
O medo faz-me pequenina e adulta
O medo carcome meu estômago
E também debulha meus pensamentos.
O medo é cruel, é dolorido, dói
Assemelha-se a arrancar as entranhas
O medo vem a qualquer hora, não marca visita
Aparece e se estabelece de alguma forma.
O medo que sinto é o medo de viver
Sinto medo do ar que respiro
Sinto medo da dor que me sufoca
Sinto medo do amor que me protege
Sinto medo do calor que me conforta.
O medo é desumano
O medo se faz a qualquer um
Sem avisos prévios
Simplesmente aparece
E com ele traz as angústias de senti-lo.
O medo dói
O medo dói.
O medo corrompe
O medo não elege quem vai atacar
Aleatoriamente finca pé num ser
E faz dele sua vingança
Sua raiva em poder.
O medo dói.
O medo dói.
Acalanta-me.
Acalanta-me.
Depois se faz a merda ao contrário, qualquer coisa, por mais irrelevante que seja, e fica se sentindo como um palhaço pra lá de desconsertado.
O tipo bem ridículo sabe?
O idiota pra completar e se acabar de vez lastima o feito que fez.
Sente-se uma verdadeira mangação.
É quando considera – meio tarde – e reflete:
- Seria melhor ter ficado com a boca fechada.
Assim, meu caricato da vez, antes de encobrir sua fraqueza por não cumprir o que escreveu pense no mínimo duas vezes antes de botar alguma coisa no papel.
Entendeu palhacês?
Amor
O querer real aconteceu
Vivemos o seu mundo
Esquecemos o meu
Agora estamos entregues
À uma nova solidão
Presos pela corda da paixão.
Ainda assim sabemos
Sozinhos a morte enfrentaremos
Por não termos tido
Coragem para viver
Nossos desejos
Nosso bem querer.
Nas angústias nos afundaremos
Pelas noites copos e copos beberemos
Cada um tentando se livrar
Do mal do amor
Do mal de amar.
Pobreza
Beijo final
Abraçaram-se
Beijaram-se e
Saciaram-se.
Acabaram um com o outro
Um punhal dourado encarregou-se de furar
O coração dos amantes que o amor tentou agradar.
Agastamento
Ressente acreditar
Ressabiado crer
Que seu puro amor
Em desconfiança logo se transformou.
Dorido para ela
Reconhecer mais um fracasso
Também para ele será
Perdê-la de vez dos seus braços.
Esta é a sobra
Isso foi o que restou
Da diminuta história de amor
Foi-se e o casal findou.
Entristecida está
Novamente perdeu
O cansaço a venceu
Custa a entender
O jeito e a forma arredia
De ele com ela ser.
Mas sabe que em algum lugar
Existe o sol para lhe amparar
Mas sabe que em algum lugar
Existe um amor que um dia a fará alegrar.
Mascarado
O sentido do pensar
O pensar no acontecimento
A máscara - mais importante -
Disfarçar e disfarçar.
Lua
Enternecida
Encantada
Aparece
Aparecida
Do norte
Do sul
Do leste
Do oeste
Lua melodiosa
Tens vida
Oferta-a
Ilusão
Por vezes e vezes enciumaram o ardor entre eles
Por vezes e vezes aquentaram suas peles uma à outra
Por vezes, também, pensaram que ao silenciar suas bocas com longos beijos confeririam que tudo fosse somente mais um jogo. Iludiram-se, o que era simples tornou-se desejo.
Ele
A olhar-me de cara fechada
Que diz saber do meu momento de pobreza
E repudiar-me quando lhe peço algo
Além de destratar-me sem um mais parecer.
Ele não diz nada
Não precisa dizer
Seu olhar denuncia tudo
Seu olhar demonstra seu farto querer.
Ele me consome com suas caras
Faz-me sentir uma peça rara
Induz-me a perceber que não sou nada
Diz claramente que de cara limpa sou carente.
Implica com meu jeito de ser
Desacredita da pessoa que imagino ter
Implica com minha fala
Complica ainda mais minha fraca cabeça.
Tristeza
Tempo extraviado
Esconde
terça-feira, 11 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
“Tem-se a vida toda pela frente”.
Eita frasesinha idiota.
Fazer o quê com ela?
Simples:
Tornar-se parte da mediocridade humana.
Suicidomania
Desesperança
Busca
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Enfeite
Felicidade
Dor da fome
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Operação saco cheio
Ruína
Despedida
Dança de salão
Asilo
Acinte
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
João Gabriel
Filho, fostes minha primeira cria
Eu, mãe pequena, plantei somente o que sabia
Se pouco, se muito não consigo sacramentar
Se certo, se errado não consigo arranjar
Em contrapartida, posso afirmar:
Fui apenas o que alcancei
Mas, ao extremo, de cara, te amei.
És meu turbilhão de alegrias
És meu primogênito, minha bela cria
És também o poço onde, equivocadamente,
Deposito minhas frias agonias.
Filho vem a mim e abasta meu coração
Sabes que careço de tu como meu guia
Avizinha-te e leva-me pela mão
Tu me indicas a melhor direção?
És sábio,
Sozinho aprendestes a cuidar de mim
Tens ciência do frágil equilíbrio em que me sustento
És sábio,
Sozinho aprendestes a cuidar de mim
Conhece as angústias em que me afundo, sim.
Filho, vem cá,
Necessito que me abarques
Sabias que por mim fostes apelidado
De menino sagrado?
E em teu nome abençoado, João Gabriel,
Agradeço o ar que diariamente me é ofertado.
Filho abraça meu coração
Juntos uniremos harmonia
Dessa forma tu poderás sentir
Um pouco do quanto és amado por mim.