O caminho...

Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.


Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.

Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade

Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.

Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.

Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.

É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.

Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.

Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.

É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.

Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.

Humana sou.

quinta-feira, 26 de junho de 2008










"...O melancólico é um 'habitante do imaginário'.

No imaginário o 'tempo não passa'. No imaginário vive-se em luto permanente..."

by Julia Kristeva

3 comentários:

Moby Dick disse...

La melancolia no logra nada. Piensa positivo, piensa en lo bueno, piensa en amor, piensa en Dios.

Ana Gill disse...

Sinto se o desaponto.

"Deus"?

gill

Escritora Tânia Barros disse...

Não é uncrível, as palavras de Júlia Kriteva, ou as minhas palavras naquele poema que fala da dor como pinturas rupestres de alguma forma conversa co o da Kriteva.

Seu blog está cada vez mais bonito e atrativo também em termos visuais, Gill, o que unindo ao contuúdo dos melhores que conheço na internet nos faz querer ficar e não ir trabalhar (rs) Mas eu volto logo logo.