Luz tardia
Agonia
Gélida
Também fria.
Está tudo tão vazio
E o nevoeiro ainda teima em ser tão rude
Batendo incansável nas minhas janelas - antes belas e belas -
Enquanto isso sinto aqui bem dentro de mim
Sim, no meu peito pequeno,
A sangria da ida sem volta.
Enquanto isso sinto aqui
Sim, bem dentro de mim,
No meu peito pequeno
A sangria da volta sem ida - tardia e desconhecida.
Por fim voltei para casa
Voltei talvez para mim
Confesso que queria poder assim lhe dizer:
- Querendo ou não gostaria de estar junto a você, só você.
Meu amor mesmo reinando soberano
Frente a esse nevoeiro reticente
Teimando em cair e dispor-se a apoquentar-me como se fosse um desejo pessoal
Vim sem pensar muito no depois, no voltar.
Foi de estalo pois, precisava eu agradecer
Mesmo sem bem saber direito o quê ou a quem
Se a ti ou talvez outro alguém - bem -
Deixemos isso para lá
Agora é pouco - não mais importa - nem vigora.
Vim, sim, acho que é assim,
Dizer o quão grata sou a você - a certeza, o instante, teu merecer
Sim, vim, acho que é assim
Dizer o quão sou grata a você - a certeza, o instante, o longe querer.
Grata a quê?
Difícil ou fácil de resposta ater?
O quão sou grata?
Difícil ou fácil de resposta emitir:
Grata por ti
Em contrapartida, também grata a ti
Por mim, de mim.
Luz tardia
Agonia
Gélida
Também fria
Meia volta
Foi descansar
Não mais aqui
Talvez, quem sabe,
Lá,
Beira mar.
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