Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Anestesiado
O som da chuva acompanha os passos pequenos do homem.
Ele ensaia uma marcha que sai desequilibrada de tão embriagado que se encontra.
Anestesiado, não sabe o que fazer com o dia presente.
Anestesiado, o passado quase que por completo abençoadamente esqueceu.
Ébrio não pensa no amanhã. Tem ciência que pode haver ou não acontecer.
Com passos imponderados pelo efeito da aguardente sai cambaleando e na calçada fria se deita. Rapidamente adormece.
Tem um um sonho agradável. Nele revê a cama em que por tempos e tempos repousou.
Em sua fantasia vê nitidamente a mulher que outrora o acalantou.
Acorda de supetão. Sabe que para sua infelicidade o papel da senhorita ninguém mais haverá de realizar.
Volta para o bar. Pede um copo de cachaça. Seu desejo é de mais um pouco se embriagar. Nada como se embebedar, amortecendo assim, a vida que se tem de encarar. E viva a cachaça.
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