Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
terça-feira, 31 de maio de 2016
Poesias x Verdades x Poesias que... sei lá.
sábado, 21 de maio de 2016
sexta-feira, 13 de maio de 2016
Cenário Da Ruptura
Rápido, rasteiro e impiedoso,
Ali mesmo, por mais alguns instantes,
Em suas mentes vieram as imagens,
Passaram, rapidamente, todos os retratos,
Não, não haverá amanhã para esse casal,
Ela fará o mesmo percurso outrora realizado,
Agora, rumará lado contrário,
Enquanto ele, mesmo desejoso,
Jamais permitir-se-á,
Sua face uma lágrima molhar.
Acabou o caso do casal,
Enquanto a cortina transparente de voil,
Continuará pendurada encardida
Possibilidade ínfima sequer,
Poderá, um dia,
Prolongado por uns dias,
Fez-se o fim,
Tanto para ele,
quinta-feira, 12 de maio de 2016
John Lennon - Imagine (original instrumental)
Que não me cegou,
E, o baque atenuou,
À infelicidade do fato...
- Previsto - ”. By Ana Gill
José - Carlos Drummond de Andrade
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
quarta-feira, 11 de maio de 2016
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Pesar
Difícil.
Doído.
Pesado.
Arranha.
Machuca.
Rasga.
Sugado.
Aponta com a ponta suja aguda.
Sente sem querer o que não crê.
Futuro não há.
Duro difícil penoso pesar.
Pesar que se paga por em nada ceder.
Pobre esse SeR?
Sei não.
Jamais pensei.
Sequer imaginei.
Nunca pensei
Que vaidade assombrada,
Sangrasse na pele fechada.
Só esse ser seguirá só
Eternidade a viver acompanhado do pesar a ele necessário.
domingo, 1 de maio de 2016
Estio
Nua,
Crua,
Tanto por dentro,
Quanto por fora.
Dentro dela também um vazio a envolve,
Depois se auto expele pelo nariz, olhos e outros poros.
Ela deixa a casa,
Segue rua adiante,
Caminha e não repara,
Em quem nela repara,
Somente frente a uma vitrine,
Percebe seu corpo desnudo.
Plateia pequena ovacionou,
Ela sequer se abalou,
Se, era ordinária e vil,
Os demais filhos de putas,
Que nenhum sequer pariu.
Desnuda, despida, seca e também incrédula,
Ela percebeu a quão vil e ordinária poderia ser.
Praguejou a todos que a rodeavam,
Ofendeu mães, filhas, pais, talvez até tias,
Nem por um momento sentiu pesar,
Agora aquilo que se fazia resto,
E resto se joga no lixo.
Resto essa mulher não iria mais ingerir
Resto alguma essa mulher se permitiria,
Deu-se conta de que só haveria,
Uma única maneira de ajuizar:
- Ou seria do jeito dela,
Ou ele poderia à casa da mãe retornar.
Se por um tempo ela permitirá,
Que ele logo a moesse como lixo orgânico.
Agora, seca e vazia,
A explorar seu papel vil,
Não seria a morte dela,
Arranco-te da casa, sem nada,
E lanço com essa força que ganhei,
Um merecido pé na sua bunda.
Tratar logo de escolher,
Em qual estrada tu,
Problema teu, neném,
No meu ventre não te carreguei,
Nem em meus seios te amamentei.
Ponha-se daqui para fora,
E, por definitivo, esqueça,
Para mim foi uma década de azaração,
Consolo-me, porém, em saber,
Tendência
Cheguei,
Sei que demorei.
Mas, cá estou,
Com a noite quieta,
Que ainda nos aguarda,
Repara, amor, repara,
Será ela a nos abraçar?
Sim,
Fiz sim,
Fiz o percurso de volta,
Direitinho do jeito que você me ensinou.
Sabias que voltaria, não?
Então, porque, deixou-me ir?
Meses fiquei tão...
Não, não falo mais disso,
O recomeço para nós,
Dá-se agora.
Engano seu,
Desde que se foi,
Seu espaço cedi,
Para flores e cordão,
E, todo os dias,
Faço ramalhetes,
Imaginando que um dia,
Um deles contigo carregaria.
Antes que me perca,
Perante tantas palavras,
Preciso lhe contar,
Que não voltei por você,
Não, não e não,
Voltei somente por mim.
Desculpe, nada entendi.
Olhe aquela janela,
Parece cinzenta - é não -
Por dentro e por fora toda esverdeada.
Só veio para isso?
Responder não posso,
Melhor calar.
Primeiro calo eu,
Em seguida cala você,
Não conheço outra forma,
Disso vir a funcionar,
Lua clareando ao lado,
Casa apedrejada por lá.
Vá.
Vá.
Vá.
Ou...