Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Miséria
Tapa na cara
Insana, ele ela ama
Inundada pela dor da separação
Agarra sua única escapatória – rezar -
Para tentar tirar do coração
O homem que a fez amar.
Insana
Corrompeu-se pela dor do amor
Num intento forçado ainda chama
Aquele que agora a ignora.
Insana
Privou-se da suavidade
Acredita que sem ele a vida não mais terá sabor
Acredita que sem ele esquecerá o significado de amor.
Insana
Abalada, singela e quase coitada
Esforça-se para agüentar a ausência do rapaz
Que a partir de agora
Aos sábados não virá mais.
Insana
Deixou de se alimentar - sente-se fraca -
Embasbacada está
Perdida num indesejado lugar.
Insana
Ajoelha-se no cimento frio
Pede a Deus que lhe dê forças para esquecer
O amor que morreu
O amor que morto está.
Insana
Ao terminar sua oração
Senta-se no canto esquerdo da cama
Vê-se uma menininha ‘tadinha’
E pensa em sua vivida ‘historinha’.
Insana
Perdeu de vez seu bem querer
Nada resta a fazer
As lembranças o tempo há de consumir
E o amor o tempo há de destruir.
Derrotado
Anos dourados
sábado, 25 de julho de 2009
Indagação
Condolência
Pancada
Mentira
Indesejados
Ei senhores de ternos aí parados
Senhores ricos e encachaçados
Reparem logo ali do outro lado da calçada
Frente à igreja ainda trancada
Os pedintes cheirando mal
Mendigando novamente
Adornando a praça esverdeada.
Senhores poderosos corram
E adentrem suas belas casas
Apoderem-se de suas pistolas ilustres
E voltem rapidamente.
Ao voltar atirem
Atirem friamente.
Matem.
Matem descaradamente.
Repitam o que obram todos os dias
Matando a revelia.
Desesperança
Abstração
Intolerância
Esconderijo
quinta-feira, 23 de julho de 2009
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Incredulidade
Arremato
domingo, 19 de julho de 2009
Eu
Subsistir
Habitualmente a poesia me serve de passadio. Dela tiro o alento para manter-me em equilíbrio no dia-a-dia. Por vezes, numa sucessão de movimentos, escoro-me na parede fria do lado de fora da pequena cabana e atino sustentar-me em pé. Desequilibro-me. Por pouco não caio. É embaraçoso. Ouvi falar que o passado foi esquecido. Disseram-me que o futuro não é vivido. Também escutei que o presente, se existente, há de se pedir licença para habitá-lo.
Peço agora
Desejo sair daqui
Dimanar-me
Ir para casa
Ir embora
Adeus.