Palavras, poesias, poemas, versos, sonetos, estrofes, contos, crônicas, pensamentos, devaneios...
O caminho...
Intento, ainda acanhada, entregar-me às letras, sílabas, palavras, frases e o que se pode obter dessa junção. Coisa linda a mistura das palavras.
Sempre fui encantada pela nossa Língua e tive a oportunidade de ter como mentora, na antiga quinta série, a professora de LP Maria Alice.
Seu saber e envolver a todos nós, seus alunos, fez-me, literalmente, apaixonar-me por uma mulher aos onze anos de idade
Paixão platônica, pueril, inocente e verdadeira. Nascida da admiração do saber e ir além fazendo os outros também participarem desse conhecimento espetacular, quanto se trata de se entregar à Língua Portuguesa.
Vivo pelos cantos, tanto internos quanto externos, de caderneta em punho e caneta entre os dedos. Do nada, vejo uma imagem ou ouço uma palavra perdida num bar e dali parto para uma história vinculada à alguma vivência minha, da infância difícil até a executiva promissora, e me abro para o mundo das letras.
Meus dedos percorrem rapidamente a caderneta anotando o que me for possível trazer à tona, num momento posterior, de pura entrega, dedicar-me a misturar palavras, ritmos, sentidos, além, de uma boa dose de singularidade.
É assim que construo sem pressa meus poemas, versos, sonetos, também minhas crônicas, prosas e contos.
Foi a poesia que me salvou de me destruir na minha mais pura e insólita melancolia.
Foi a poesia que me salvou de mim mesma, impediu que eu ultrapassasse a linha da imaginação e fosse para algum lugar nunca antes visitado.
É a poesia, o verso, a magnitude da construção literária que me mostram quem realmente sou.
Oras posso valer até um milhão, mas sei tão bem que não valho sequer um tostão.
Humana sou.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Menino Desajeitado
O brincar das ondas mortas
O tilintar das marés vazias
Os movimentos soltos, à revelia
Na tua vida, pelos nossos dias.
Por onde andas ó menino desajeitado
Onde se embocou agora, outra vez enganado?
Tudo espero menos que permaneça recatado
Grita e estarei a teu lado.
Por onde andas ó menino atrapalhado
Donde se enfiou, novamente fechado?
Tudo espero até que estejas confuso
Grita e adormecerás ao meu lado.
Há a terra onde pisou brincando com as ondas
E as marés abandonadas todas vazias
O tilintar, os movimentos, aprazias?
Menino tens jeito: Contagia.
Carente, abastado, estatelado
Pequeno, ingrato, mal educado
A vagar sem rumo e sem norte
Passeou pela casa da minha triste sorte.
Por onde andas ó menino calado?
Onde estás nessa noite melancolicamente fria?
Gira correndo pra casa, serás perdoado
Somente tu para embalar os meus dias.
O mangar do alvoroço findou
Entre sons e espíritos desocupados
O abalo solto, finalmente, foi enlaçado
Em nossos caminhos frágeis e eternizados.