
Quando me perguntam quem sou
Ou quando me perguntam o que sou
Até mesmo quando questionam como estou
Ou finalizam perguntando para onde vou
Fico com medo
Nunca sei o que dizer.
Vergonhosamente simulo no pensamento
Algumas frases para quem sabe responder
Calo. Seguro-as comigo
Se ditas soariam falsas
Se ditas circulariam buscando lugar
Assim como quando se dança uma valsa.
Depois simulo mentalmente outra resposta
E não falo para o questionador
Guardo comigo tenho medo do que poderia parecer
E com base nisso a pessoa me julgar.
Penso eu que sou uma mistura
Metade gente, metade suplício
Sempre a espera de mais um sacrifício
Para continuar a lidar
Quase que dignamente com a vida.
Vou um pouco além
Parece-me que tenho hora marcada
Clamando por uma palavra sagrada
Para que eu possa, por fim,
Atirar longe o copo de veneno
Que conservo sobre a mesa de estar.
Não poderia dizer
Nada diferente do que isso
Seria mentira do meu ser
Soaria mais um sacrifício.
Na minha imaginação
O veneno de mim teria compaixão
E me libertaria de vez
Do futuro que não encararei.
Sim. Não encararei
Se não for com o copo
Cheio de líquido escuro
Será de outra forma
Quem sabe de um jeito mais puro.
Apego-me à essa futura vivência
Para poder viver
Esperando a hora de morrer
Comigo levarei a sobra da esperança
Aquela com quem pouco contei.
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