
Fecho os olhos e busco por ti
Vejo-o na negritude de mais uma noite frienta
Fecho os olhos e busco por ti
Enxergo-o em um alguém que tem
Uma figura física semelhante à tua.
Venho até aqui para simplesmente lhe dizer:
- Dessa vez perdi - em definitivo meu rapaz -
Perdi aquele que foi o meu único bem
Perdi aquele que foi capaz de fazer de mim
Uma pessoa, uma mulher, um alguém.
- Peço, constata comigo:
Foi nisso que deu
Por eu
Ignorar as conseqüências – Joguei-as fora
- Peço, constata comigo:
Foi nisso que deu
Por eu
Ignorar as condescendências – Coloquei-as de lado
- Infere comigo:
Foi nisso que deu
Por eu – Mulher de reduzida sabedoria -
Ignorar até mesmo minha existência – Execrei-a.
Agora vejo que somente tu
Será capaz de desarraigar
Esse manto negro com o qual
Ao longo desse tempo me cobri.
Então, venho até aqui
Lembra, tenho algo a lhe pedir:
- Somente tu rapaz será capaz
De banhar meu corpo imaculado
Esgotada, peço-lhe, por favor,
- Pega minha mão
Leva-me até o banheiro
E deixa a água do chuveiro
Envolver com sua força fluente
Não só o meu corpo
Mas também
Permita que ela arranque
Todas as impurezas que conquistei
Durante esses anos em que mergulhei
Na mais estreita solidão.
Peço, mais uma vez,
- Repara na planeada responsabilidade -
Por mim a ti doada – perdoa -
De resgatar-me enquanto ainda não é tarde.
Penso que ao jorrar a água pelo ralo
Levará com ela - creio eu –
Não só a sujeira da carne
Mas também todas as incertezas
Que durante minha vivência conquistei
E, no meu interior guardei.
- Só tu podes meu distante rapaz
Limpar aquilo que macula
Minha alma inapropriada
Só tu podes meu distante rapaz
Limpar aquilo que macula
- Não te faças de rogado -
Purificando com tuas lânguidas mãos
Essas manchas escuras
Que reguei e fiz crescer
No meu coração.
- Creio eu que a água levará
- Tu serás o responsável por retirar -
A saboreada penitência
Cultuada por mim anos após anos
Na mais isolada existência.
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