Ao ouvir o som da campainha corri e abri a porta da sala. Para minha surpresa era o carteiro. Pediu que eu assinasse um protocolo e entregou-me um telegrama.
Ao ver que era para mim fiquei surpresa. - Uai, carta para mim?
Sabedora do quanto sou afoita e desajeitada com as coisas que passam pelas minhas mãos, resolvi me sentar antes de abrir o envelope. Sentadinha, destaquei as laterais com bastante cuidado. Não queria correr o risco de rasgar a correspondência.
Passei os olhos pelas palavras que ali foram fincadas sem um pingo, sequer, de piedade. Maldita seja essa palavra.
Fechei os olhos.
Abri os olhos.
Li novamente.
Dorido crer no que meus olhos percorreriam.
Havia ali um texto sucinto, objetivo e bastante claro que dizia assim:
- Parti. De vez. Nunca mais voltarei. Trate de me esquecer. Adeus.
Ocorreu-me que o 'adeus' talvez tivesse sido escrito propositadamente, como desfecho, para, quem sabe, talvez, suavizar um pouco aquela determinação.
Encostei o telegrama no peito e agarrei-me à uma almofada. Lentamente fui escorregando o corpo pelo sofá até estar completamente estirada e sentindo-me um pouquinho mais protegida pelo calor do veludo do assento.
Depois disso chorei. Chorei minha primeira ilusão de amor na vida.
Chorei.
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