
Ainda há algo a ser dito.
Nenhum dos dois sabe ao certo o que é.
Ele está meio debilitado de tanto se questionar.
Ela se encontra nervosa por ter esperado tempo demais para tomar uma decisão.
Na cabeça os dois ruminam formas e formas de colocarem para fora o que está parado em suas gargantas.
Talvez, sei lá, falar da confusão que plantaram durante o tempo em que se amaram.
Talvez, sei lá, falar do desejo que ainda insiste em confiscar seus corpos.
Talvez, sei lá, falar dos sonhos que sonharam juntos.
Pena. Estão alojados no cárcere da falta de palavras, ou melhor, da coragem de algo dizer.
Acredito que enquanto não se apropriarem novamente de seus corações – puros - infaustos nada ensejarão.
Os dois sabem como se resumir o momento. Para isso basta apenas uma pequena palavra: - Fim. Expurgado. Definitivo.
De repente, ele, com a cabeça abaixada, emite um som frouxo:
- Julgamos.
Logo ela sussurra:
- Reconhecemos.
Baixinho ele continua:
- Fomos incivis.
Ela:
- Merecemos.
Depois dessa palavra volta-se para a cama e pega a maleta vermelha que está sob ela.
- Vou agora.
Sai pela porta da sala.
Não lhe dá a oportunidade de dizer-lhe adeus.
O adeus fica na mente. O adeus fica parado na garganta.
Ela se foi.
Enfim, o fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário