
Alto
Suntuoso
Delgado
Rosto delineado
Por finos traços contornado.
Um caminhar que remete à flutuação
Mesmo com a postura meio envergada
Não desfavorece sua nata elegância
Mesmo coberto por trapos
Há que se afirmar com prontidão:
É um belo homem
Fascinante
Charmoso
Harmônico
Harmonioso.
Atrás somente da pensada
Talvez merecida gratidão
Afinal, oras um dia ele se atreveu
E alto proclamou:
Bradou por luz
Bradou por paz
Bradou pelo amor.
Bradou só
Em absoluto
Ninguém o escutou.
Não adianta mais
Meu prezado rapaz
Nem mesmo tua aparência formosa
Será capaz de fazer
Os olhares a ti se voltarem.
Toma ciência
Bem sabes que fostes doado
A miséria de um amor parco
Amor esse em tua pele, com tinta negra, tatuado.
Ainda assim, até um pouco mais ignorado
Constatou – pobre - os olhos lacrimejados
Que do teu clamar ninguém se apeteceu
Ainda assim, um pouco mais ignorado
Constatou – pobre - os olhos marejados
Que teu clamar pé fincou
Teu clamar posto de lado
Ninguém dele se apropriou.
Escolhe um canto e chora
Chora enquanto ainda há pranto
Chora enquanto ainda há tempo
De botar para fora
E fazer respingar na tua face bonita
Só mais um efêmero prantear.
E vives com isso a se questionar
Se esse erro é, foi ou um dia será
Merecidamente teu.
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