
Repara nas minhas mãos
Sempre frias
A denunciarem
Os danos que me amortecem
Todos os dias.
Repara na minha solidão
Constatarás, assim, minha inaptidão
De não saber viver
Cercada pela grande multidão.
Sou crua
Sou pouco afável
Aos poucos vou morrendo
Com a falta que experimento
De afeição e amor.
Repara na minha solidão
Preciso de uma mão
Careço de amor
Oferta-me
Alivia, assim, a minha dor.
Repara em mim
Nos meus movimentos
Vês?
Não alento.
Com isso sofro
A dor dos que foram
De lado deixados
E, penosamente, vivem perturbados.
Repara nos meus olhos
A anunciarem minha melancolia
Repara:
Meu olhar denuncia
Quem eu sou
O que eu fui
E essa sobra tardia.
Repara na minha vida
Sabias que fui predestinada
A uma longa e isolada jornada?
Repara nas minhas tardes
Tão tristes
Tão vazias
Elas todas
Minhas crias.
Repara na solidão
Que enfrento sozinha
Abraçada a um não
Ofertado por mim
Ao meu acanhado coração.
Repara:
Não reconheço
Para mim todos os dias
São feitos de imperfeições.
Repara:
Disso favoreço-me
Da mesma dor
Da maioria dos mortais.
Porém, sejamos francos
Intimamente sabemos
Que somos todos iguais
Miseráveis e, em demasia, banais.
Sempre escondidos
Atrás d'uma pretensiosa máscara
Fingindo que somos
Humanos normais.
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