
Hoje o supremo Sol, lustroso e influente, olhou-me e preceituou:
- Não!
Hoje tu não sairás de casa
Hoje tu não comerás
Hoje os dentes tu não escovarás
Hoje tua roupa não haverás de trocar
Dispensarás a água
Eximir-te-á da fala
Escusar-te-á da tua forma de expressão.
Nesse momento entrei em discussão com todos aqueles ‘nãos’.
Alagada pela coragem, consistente proferi:
- Não senhor Sol.
Rejeito um dos teus ‘nãos’.
Não permitirei senhor Sol
Que me impeças de escrever
Tu não haverás de me privar
Do meu afligido ar
Meus sentimentos, senhor Sol
Tu não haverás de ocultar.
Sabes que admiro tua luz soberana
Sabes que admiro teu calor vigoroso
Sabes que admiro teu poder de alumiar
E sabes que admiro tua sabedoria
Em ‘os humores’ clarear.
- Mas, agora, interdito-o com o meu não!
Vedo-te de me proibir
Do reduzido pouco
Que edifica minha existência.
Vedo-te de me proibir
Daquilo para o qual
Arteiramente sei que nasci.
Assim, enuncio:
Não para você também senhor Sol.
Aqui haverei de continuar
Com minhas palavras
Perquirindo nas entrelinhas
Meu habituado respirar.
Não senhor Sol. Passar bem!
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