
Ana não desabrochou
Conviveu invisível aos olhos dos que a cercaram
Camuflada e envergonhada sempre se esquivou
Por não saber como ser feliz
Perante a felicidade que se diz.
Dias desolados Ana conheceu
Alegria, besteira, nenhuma viveu
Mesmo sob a luz do sol
Da escuridão não escapou.
Chamada de solitária e pobre coitada
Pela multidão que grita em coro
Humilhando-a ainda mais
Fazendo-a acreditar
Que não se fez merecedora
Da piedade e da compaixão alheias.
Ana fez do seu presente
Um canto desafinado
Quanto ao seu passado
Ana desistiu antes do prazo
Seu futuro já conhece: Indesejado.
Talvez, quem sabe, antes disso
Ana tome uma atitude
Agarre com seus braços miúdos
Seus poucos instantes de razão
E nesse intento desesperado
Haverá de pensar numa forma
De como sua alma purificar
Para seu fim em paz anunciar.
Sentada no banco dos réus
Aguarda sua sentença
Sabe que não será a primeira
O júri também haverá
De pagar penitência.
Tem agora um único desejo
Desaparecer daquele meio
E descobrir uma forma
De a vida perdida abater.
Faça o que quiser Ana
Ninguém se dará conta
Da falta da tua presença
Afinal, sabes bem o que tu és
Apenas mais uma reles mulher
Esquecida no deserto da ilusão
Perdida para um mundo cão.
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