
Vertes-te em lágrimas coração
Encontras-te, coitado, tão apoquentado
Porque olvidastes da tua própria canção
E fora do teu caminho a lançastes?
Ela, tão feliz, tão enlevada,
- Por ti, assim, desenhada -
Magoada sequer informou
E distante de ti se albergou.
Tardiamente, tu sangras coração
Quem sabe ainda haja algo a recuperar
Primeiramente, jamais consintas
Desertarem-te num friento chão
Como fizeram às paixões cálidas
Por ti, sob a luz, abençoadas.
Apodera-te novamente do que é teu
Tens a suavidade que um dia alguém te concedeu
Enlaças reluzente o outrora perdido
Aleluia! Sim, todos os que se apaixonaram
Em momento algum,
De todos, nenhum,
Jamais te esqueceu.
Tu, serenas como te apresentas,
Possas, enfim, parar de sangrar
Mesmo quando fora de hora
Deparar-te, ir além, constatar
As amarguras carregadas
Pelos amantes de costas encharcadas.
Alguns ao teu lado não permanecerão
Sozinhos e distantes do laço do amor,
Acres, envelhecerão.
Jamais te culpes, coração
Por esses que as costas te darão
Lembra-te sempre
Fostes adornado
Pelas mãos das divindades
Para os ares atravessares
Alastrando o acalanto do amor.
Infiltrados pela tua devoção
Humanos e mais humanos
Abençoadamente irão agraciar
Com o amor o que se faz amar.