
Moça fita-me e responda serenamente
O que desejo há tempos lhe indagar
Pergunto a ti pequena Pequena:
- O que fazes com tantas letras?
Moça fita-me agora
Assim de soslaio
Dessa forma e novamente para mim:
- Responderás com um pouco de sim?
Volto a indagar-te
Outra vez – como és suave – suavemente:
- O que fazes com tantas palavras?
Sei que não finges
Sei que não sabes
Mentiras levantar.
- Mulher, calada permaneces
Nada de nada respondes
Procuras resposta
- Bem sei -
Não as tem
Não as suporta
Não as tolera.
E, claramente,
Sob essas preciosidades
Esconde-te.
Pensas que vive
- A vida da verdade?
Como de fato se deve
Como de fato se imagina
Como de fato se pensa
Como de fato a vida vem
Como de fato ela se aproxima?
- Quem sabe deverias tu - penso eu –
Portar-te assim mesmo?
Sim
Como já faz
- Calada! Calada! Calada!
- Voltando às tuas letras
Voltando às tuas palavras
Sei que tu sabes sim
E guardas a resposta
Que quero também para mim.
Então, tentes, diga que não
Teu eu afirma categórico
Ao pé do teu ouvido:
- Tens sim, tens não
Tens sim, tens não
- Pena –
Tem para ti e
Nada para mim.
- Mulher tu remetes
Às flores que somente
Nas noites revelam-se a todos.
Flores essas tiradas de ti
Flores e perfume
És tu puro jasmim!
Pergunto-lhe outra vez
- Por favor, veja se dessa vez
Consegues tu réplica para mim:
- Imaginas tu que tal permissão
De direito e de fala
A ti autorizam
De fato esperar
Outono na primavera?
Ri bela donzela
Ri de tuas mazelas
Pensas eu sei assim:”- Quem dera”.
Continuando meu pedido
Imploro a ti
Enfim se retratar
Diante de mim
Respondendo algo
Talvez, quem sabe, sim.
“Como
E quem sou? - Intranqüila dona donzela!” -
- Santa de tão bela”
-Imaginas tu que elas
Destacam tua pessoa?
Resposta eu tenho para ti:
Não. Não chores assim! - molhastes o vestido -
Segura tuas lágrimas para mim.
Agora fito-a PELA ÚLTIMA VEZ!!!
E pergunto: - Ah, como gosto de te inquirir -
-Vês ali aquela
Perto da cadeira
Ali aquela porta?
- Corra, avance
Alcance-a
Tu podes, tu consegues
Saia rápido
Não, não segures de novo teu vestido
Permita que o vento o levante
E deixe à mostra
Tuas contornadas pernas.
- Menina de tu agora, por fim, cansei-me!
Digo isso de vez!
- Nada na verdade tens para mim.
Nem um não
Nem um sim.
Assim,
Determino eu a mim - alto e conciso –
- Vou.
Vou-me daqui
Vou
Vou-me embora
Nesse momento
Para sempre
Vou agora.