
Por décadas e décadas me sustentei na solidão
De pensar no outro dia - nem sei se viria -
Enquanto isso entre meus dedos
O lânguido hoje escorria.
Nas fraudes dessas horas
Sobrepus minha história
Ensaiei o embuste do futuro
Sem direito a qualquer glória.
- Amanhã, amanhã
Porque te apresentas no dia atual?
Torturas cada instante meu
Fruindo o medo e a amargura
Daquilo que não aconteceu.
- Amanhã, amanhã
Porque me fazes tanto mal?
Tua sobrevivência somente se dá
À custa de me incomodar.
- Vai-te embora amanhã
O hoje não te pertence
Quero a chance de viver
Meus instantes únicos e presentes.
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